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19/10/2021

Não é só cerveja mas sobre acreditar no incrível

Aqui na Stannis a gente fala tanto em criar momentos e coisas incríveis. Isso acontece por que nós realmente acreditamos nisso por que vivemos dia após dia assim. E nós vemos o incrível não só em momentos apoteóticos e acontecimentos extremamente grandiosos, a gente percebe o incrível acontecendo em cada pequena coisa, nas mais simples que você imaginar, como por exemplo as pequenas coincidências que a vida nos apresenta como encontrar na rua um amigo que não vemos a muito tempo, um pôr do sol bonito ao fim do dia ou um bom papo com alguém enquanto aproveita uma boa cerveja no meio da semana. Incrível para a gente é isso. Mas as vezes coisas realmente grandes acontecem.

A arte de produzir cerveja é engraçada. Nós seguimos receita, medimos todos os ingredientes, anotamos, estudamos, pesquisamos, erramos e repetimos, dia após dia (e claro, bebemos muita cerveja boa e ruim, durante o processo). Embora muito do trabalho esteja em nossas mãos, algumas partes simplesmente não estão... Colocar água, malte e lúpulo em uma panela, ligar o fogo e seguir uma receita para extrair açúcar do malte é apenas parte do processo. A outra parte ocorre na maturação, quando a cerveja necessita de repouso para deixar as leveduras consumirem o açúcar fermentado e transformem tudo em álcool, dando origem, desta forma, à cerveja. Mas e quando parte do processo não funciona? E quando o que você espera não acontece? E quando um mestre cervejeiro como nosso Jorge, responsável por tantas e tantas cervejas incríveis, por um acaso do destino (ou não?), se descuida (ou não?²) e o resultado é uma cerveja completamente fora dos padrões. Essa história é sobre isso por que foi exatamente o que ocorreu com um de nossos lotes de cerveja: o resultado foi uma cerveja horrível segundo todos que beberam. E agora? Estaria tudo perdido? Como recuperar um lote de cerveja ruim? O que poderia ser feito? Só acontecendo algo realmente incrível para salvar essa cerveja... E as vezes isso acontece.

 

Tinas, como são conhecidas as "panelas" de produção de cerveja

 

Todos que provaram diziam que estava horrível! Todos, menos um: “seo” Jorge. Por teimosia, insistência, perseverança ou por realmente acreditar no incrível, nosso Brewman incorporou o próprio Dr. Victor Frankstein, do romance de Mary Shelley, de 1818, revestiu-se do espirito do cientista que, depois de estudar os processos químicos e a decadência dos seres vivos, ganha uma visão sobre a criação da vida e dá vida a sua própria criatura: uma autêntica cerveja do estilo Flanders Red Ale.

Parenteses rápido sobre o estilo: uma Flanders é uma cerveja azeda produzida maioritariamente na Bélgica. Passa por fermentação com outros gêneros de micro-organismos, mais propriamente os Lactobacillus, produzindo um caráter azedo atribuível ao ácido láctico. Esta cerveja local da região oeste de Flandres, tipicamente produzida pela cervejaria Rodenbach, estabelecida em 1820 em Flandres mas refletindo tradições mais antigas. A cerveja é envelhecida por até 2 anos, geralmente em barril de carvalho que contém bactérias responsáveis pelo azedo da cerveja, potencializando seu sabor e aroma dia após dia. Agora de volta à nossa história.

Após alguns ajustes aqui e ali, o raio que trouxe vida à nossa Flanders Red Ale foi seu lançamento à maturação por 12 longos meses em barris de carvalho Eslavos. Pronto, só esperar (e acreditar). Mas o mundo não para nesse tempo, cervejaria cresce, mais cervejas aparecem, os boletos chegam, novos clientes aparecem e novos desafios são postos. E para quem produz cerveja artesanal sabe que, dentre todos os desafios, um dos maiores é ter o reconhecimento da qualidade de seu produto através de alguma premiação. Uma cerveja premiada em algum é o sonho de qualquer mestre cervejeiro.

Então bora, o ano é 2019, poucos meses faltando para o Festival Brasileiro da Cerveja de Blumenau, onde é realizado o Concurso Brasileiro da Cerveja, um dos maiores (se não o maior) do Brasil, vamos participar! Faz inscrição, envasa amostra, rotula garrafa, seleciona as melhores e prepara para o envio. E aquela cerveja maturando lá no barril, bora engarrafar para enviar também? Calma, ainda não é a hora, espera mais algumas semanas. Confirma inscrição, organiza transporte, prepara pessoal e equipamento para a feira, falta pouco tempo para o festival. Agora? Não, ainda não, acredita. Confere ingressos, prepara bolsa, agora são questão de dias para o festival, agora? Yes, this is the moment!

Todo concurso é uma apreensão, por mais que acredite no potencial das amostras enviadas não tem como imaginar o resultado. A galera se junta na frente ao palco depois de um dia de correria atendendo o publico e carregando barril de cerveja para todo lado, suado, descabelado, na expectativa, enquanto lá na frente o apresentador anuncia estilo por estilo as mais bem colocadas. E eis que chega o momento, resultado para Flanders Red Ale. Qualquer premiação seria incrível para gente, a base seria jogada fora, ninguém acreditava (exceto o Jorge) que dali sairia algo minimamente decente, quem dirá merecedor de medalha. Mas foi: medalha de fucking ouro para Scarlett Flanders, a cerveja do estilo Flanders Red Ale da Stannis Cervejaria, Jaraguá do Sul! Cara, como assim!? Nós ganhamos!

Entre gritos, pulos, abraços, suor e lagrimas a gente comemorou, não só pela medalha, mas por ter trabalhado e acreditado, pela faísca primordial que acendeu a chama da esperança e trouxe uma foderosa medalha de ouro para nossa cerveja que lá no início quase ninguém acreditava. Como é possível?! Só algo incrível acontecendo e é como a gente resume essa história. É uma daquelas vezes que a força do querer te move na direção correta e conspira com o universo para que você consiga realizar seus objetivos. Não que o incrível seja só isso mas neste caso foi. Nós acreditamos.

 

Nosso novo rótulo da Starlett Flanders, uma das cervejas mais premiadas da Stannis Cervejaria, já a venda na loja.stannis.com

 

Além do ouro no Festival Brasileiro da Cerveja de 2019, nossa Scarlett Flanders também conquistou mais 4 medalhas em festivais nacionais e internacionais: ela levou ouro também em 2019 no World Beer Awards (Londres), duas pratas também no mesmo ano, uma em Londres no Internacional Beer Challenge e na Austrália, no Australian Beer Awards e, este ano, outro ouro no World Beer Awards em Londres, agora considerado a melhor do Pais. Além dela também ganhamos medalha com outras cervejas incríveis!

Por fim, sobre o nome que nossa Flanders Red Ale leva, Scarlett, é uma homenagem à personagem homônima do filme “E o vento levou”, que também teve seu tempo para amadurecer e mostrar a guerreira forte que é, o passado e mudanças necessárias para que ela crescesse e se mostrasse persistente na busca do seu verdadeiro propósito. Caiu como uma luva.